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terça-feira, 17 de setembro de 2024

Novo tipo sanguíneo é descoberto e põe fim a mistério

Quando alguém pergunta o seu tipo sanguíneo, a resposta geralmente envolve os dois sistemas mais conhecidos: o ABO (A, B, AB e O) e o Rh (positivo e negativo). No entanto, o sangue humano é muito mais complexo do que ser "apenas" O+. É o que mostra uma nova pesquisa britânica após determinar o sistema MAL (a sigla é inglesa, sem nenhuma ligação com o sentido compreendido no Brasil), dividido entre AnWj-positivo e AnWj-negativo. Assim, foi resolvido um mistério de mais de 50 anos.

Para definir um tipo sanguíneo, é preciso olhar para os antígenos (proteínas) presentes nas superfícies das hemácias (glóbulos vermelhos). Por exemplo, no caso do sangue O +, a pessoa não vai possuir nem o antígeno A e nem o B (do sistema ABO) nas células. No entanto, vai apresentar o fator positivo nas hemácias (do grupo Rh). Entre as exceções, existe o Rh nulo, também conhecido como "sangue dourado".

Em relação ao novo grupo sanguíneo, é preciso olhar para outro antígeno na superfície dos glóbulos vermelhos: o AnWj. Para a maioria da população do mundo (mais de 99%), ele está presente, o que configura um caso de AnWj-positivo. Entretanto, alguns poucos pacientes não têm esse antígeno (devido a doenças ou herança genética) e são classificados como AnWj-negativo, algo extremamente raro.

É um "detalhe", mas os pacientes com o fenótipo AnWj-negativo precisam saber disso, já que é algo que aumenta o risco de rejeição durante transfusões. Na verdade, são muitos "detalhes", porque o novo sistema de grupo sanguíneo é o 47º a ser descoberto pela ciência, como destaca o estudo recém-publicado na revista Blood.

Novo sistema de grupo sanguíneo
Liderado por pesquisadores da Universidade de Bristol, toda a pesquisa sobre o grupo sanguíneo se baseou inicialmente em um caso de 1972, quando o antígeno AnWj não foi encontrado no sangue de uma paciente grávida. De lá para cá, ninguém soube explicar a origem genética da condição.

Sabia-se apenas que algumas doenças, como distúrbios hematológicos ou alguns tipos de câncer, podem suprimir a expressão do antígeno. Outro fato é que, quando o indivíduo negativo é exposto ao sangue AnWj-positivo, há risco de reação transfusional.

O principal problema é que, além do caso de 1972 (novamente examinado, com amostras de 2015), existiam poucas evidências sobre outros pacientes com esse fenótipo, de origem genética. No total, foram considerados apenas cinco indivíduos com essas características, incluindo membros de uma mesma família.

O principal problema é que, além do caso de 1972 (novamente examinado, com amostras de 2015), existiam poucas evidências sobre outros pacientes com esse fenótipo, de origem genética. No total, foram considerados apenas cinco indivíduos com essas características, incluindo membros de uma mesma família

Mistério de 50 anos sobre o sangue

"O histórico genético do AnWj tem sido um mistério por mais de 50 anos, que eu, pessoalmente, vinha tentando resolver há quase 20 anos", conta Louise Tilley, pesquisadora sênior do estudo, em nota. A descoberta "representa uma grande conquista", acrescenta.

"Não teríamos conseguido isso sem o sequenciamento do exoma, pois o gene que identificamos não era um candidato óbvio e pouco se sabe sobre a proteína MAL em hemácias", pontua.

"É o ápice de um longo esforço coletivo para finalmente estabelecer este novo sistema de grupo sanguíneo e ser capaz de oferecer o melhor atendimento a pacientes raros, mas não menos importantes", completa a cientista. Assim, será possível desenvolver testes de genotipagem para detectar esses indivíduos raros, tornando as transfusões mais seguras.

Fonte: CANALTECH

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