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domingo, 1 de junho de 2025

O Brasil pode se tornar um polo de data centers de IA?

Você já parou para pensar onde ficam armazenados os dados que alimentam a Inteligência Artificial que usamos todos os dias? A resposta está nos data centers, estruturas essenciais para o funcionamento de tecnologias que vão desde assistentes virtuais até ferramentas de IA generativa.

E mais: o Brasil tem grandes chances de se tornar um dos principais polos globais de data centers focados em Inteligência Artificial. É o que aponta a especialista em Direito Digital e IA, doutora Patrícia Peck, CEO da Peck Advogados, em entrevista ao Podcast Canaltech.

Mas, afinal, o que está por trás desse movimento? Quais os desafios e as oportunidades? E o que falta para o Brasil realmente assumir esse protagonismo?

Por que os data centers estão no centro da revolução da IA?
Data centers são locais equipados para armazenar, processar e proteger grandes volumes de dados. No caso da IA, essa infraestrutura precisa ser ainda mais robusta, porque processar modelos inteligentes exige alto desempenho computacional, grande capacidade energética e sistemas avançados de resfriamento.

"Esses data centers acabam se tornando verdadeiras minas de ouro de dados. Eles são fundamentais para viabilizar o crescimento sustentável da Inteligência Artificial", explica Peck.

Por que o Brasil e especialmente o Sul está no radar?
O Brasil, e mais especificamente a região Sul, tem se mostrado cada vez mais atrativo para receber investimentos em data centers de IA. O motivo? Uma combinação estratégica de fatores:

-Matriz energética mais limpa, com forte presença de fontes renováveis

- Disponibilidade de recursos hídricos

- Boa infraestrutura

- Incentivos fiscais em estudo

- Mão de obra qualificada

"O mundo inteiro está em busca de locais que suportem a expansão dos data centers. Países como Estados Unidos e nações da Europa já estão enfrentando desafios de energia e espaço. O Brasil surge como uma oportunidade para suprir essa demanda", comenta Peck.

A ausência de uma lei específica atrapalha?
Apesar de atrair investimentos, o Brasil ainda não tem uma legislação própria que regule a instalação e operação de data centers, especialmente aqueles voltados para Inteligência Artificial.

Existe hoje o Projeto de Lei 3018/2024, que busca criar um marco regulatório para o setor, mas ele está parado no Senado. Segundo Dra.Patrícia, o impasse envolve vários pontos sensíveis:

- Impacto ambiental, já que data centers consomem muita energia

- Cibersegurança, uma vez que esses centros podem armazenar dados de outros países, tornando o Brasil um possível alvo de ataques

- Modelo tributário, que precisa equilibrar incentivos para atrair empresas, mas sem prejudicar as cidades que recebem essas estruturas

"Falta esse equilíbrio. Sem uma lei, há insegurança para o investidor. Mas se a lei for muito restritiva, o risco é justamente afastar os investimentos", alerta.

E a sustentabilidade?
A discussão sobre sustentabilidade é central. Há casos em outros países, como no Reino Unido, em que projetos de habitação foram barrados porque a energia disponível estava comprometida com data centers.

"É preciso pensar no impacto local. Hoje pode parecer suficiente, mas qual será o consumo daqui cinco ou dez anos? É necessário um modelo que não gere competição com a população por recursos básicos", afirma a especialista.

O Brasil tem chance de ser protagonista?

A resposta da Dra. Patrícia Peck é clara: sim! O Brasil reúne os elementos certos, energia limpa, espaço, demanda interna crescente e interesse internacional. Além disso, há um ponto estratégico: trazer mais data centers significa também fortalecer a soberania de dados, com menos dependência de estruturas no exterior.

"Se bem estruturado, isso pode reduzir o custo da IA no Brasil e acelerar nossa participação na corrida global pela Inteligência Artificial", conclui.

O país está diante de uma oportunidade única. Mas o caminho passa, necessariamente, pela definição de regras claras, que garantam segurança jurídica, responsabilidade ambiental e proteção de dados.

Fonte: CANALTECH

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